segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Tudo ou nada

Um mar revolto
Um maremoto
Quando achamos que temos tudo
Falta tudo
E não temos nada
Nem chão
Nem parede
Falta um abraço
Um aconchego
Um colo quentinho

Quando achamos que não temos nada
Temos a certeza de que somos humanos
De carne e osso
Que um dia acaba
Como um mar revolto
Com suas ondas gigantes
Que chegam à praia...

Quando temos tudo
Temos o nada em nossas mãos:
Não temos uma flor,
Não temos um adorno,
Não temos um aperto, um afago.

Quando temos tudo
Ouvimos o nosso silêncio
Que reina absoluto!

A chave

Ouço uma canção
Leio um verso
Tento encontrar a chave e iniciar a partida...

Ouço uma canção
Sinto os destroços
A angústia que perdura, que inquieta

Leio mais um verso
Perverso
Sinto a distância

O coração dilacerado
Que ainda sangra
Que ainda detém a chave...

Chama!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Imensurável

Enquanto ouço o seu sussurro
Desvendo o seu perfume
Em cada esquina
A cada minuto
Em cada olhar

Como uma dança
Que acontece
Que inspira
E nos embriaga com sua beleza inquestionável.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Camarim

Impressionante a capacidade do ser humano de viver a sua vida em um grande palco. Mas, infelizmente, o tempo se esgota, a plateia se cansa - por mais interessante, cativante que seja a peça. Chegará o momento em que as cortinas descerão, a plateia irá para casa e o ator deixará de viver o personagem e voltará a ter que conviver com o seu próprio eu - tendo como pano de fundo a sua própria imagem refletida no espelho do seu camarim. Não há como fugir ou fingir!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Simples assim...

Aceno com uma fita para a possibilidade de um encontro.
A cada dia a fita vai sendo passada, uma volta, duas voltas, três voltas e um lindo laço vai sendo aos poucos construído.
Vínculos surgem, interesses são revelados, mistérios presentes, muitos caminhos a percorrer...
Tudo é prazeroso, sentido em todos os detalhes.
E aí, chega o dia do encontro. O laçarote confeccionado. Pronto para ser curtido intensamente ou então, para ser desfeito - basta puxar uma das pontas do laço e todo o encantamento se desfaz, como num delete.
Será tão simples assim ?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Bem/Mal

Bem me quer
Mal me quer
E você,
Como... (Que delícia!)
Me quer?

domingo, 21 de novembro de 2010

Magia

A lua encoberta diz em meias palavras que o mundo é obscuro, misterioso, carregado de magia, vida - vidas perdidas, errantes, seguras, sublimes, falsas, verdadeiras, entrecortadas, mutiladas, encerradas, encobertas como ela, sem perder a luz, a beleza, o encanto, basta procurar.

Se olhos conseguem acessá-la, algo mágico acontece e o mundo é capaz de girar...

Mesmo com os olhos cerrados curtindo as lembranças de um tempo que não volta mais, nem por isso esquecido. Tantas lembranças e o encanto jamais apagado.

Quantas emoções, quantos amores se fizeram, quantos deixaram passar, quantos desfeitos, e ela lá... majestosa, brilhante ou não, passando uma beleza sem igual, mesmo pela metade, cheia, quase cheia... lá fica ela, encoberta ou não, lá, sempre ela.

sábado, 20 de novembro de 2010

Labirinto

Quantas noites perdidas neste labirinto...
Tantos buracos, vãos, na tentativa de encontrar o elo, a outra ponta. Quantos sonhos perdidos neste sono em busca da explicação, do caminho seguro, do coração aberto.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Amores

São tantos os amores
Cativados
Embriagados
Deixados de lado

São tantos os amores
Desiludidos
Entregues
Arruinados

São tantos os amores
Vividos à flor da pele
Maquiados
Imaginados

São tantos os amores
Bandidos
Roubados
Dissimulados
Aprisionados

São tantos os amores
Asfixiados
Dilacerados
Esquartejados
Levados em uma mala

São tantos os amores
Desperdiçados
Negligenciados
Abandonados
Deletados

São tantos os amores
Vividos sem dó ou piedade
Eternizados
Desejados

São tantos os amores
Muitos
Quentes
Frios
Devassos

São tantos os amores
Que perdi a conta dos meus
Dos seus
Dos nossos amores
Perdidos
Deixados de lado

São tantos os amores
A encontrar
A viver
A desperdiçar
Nessa grande cama que é a vida.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Coração Partido

Tudo o que tenho são lembranças doces, suspirantes, amargas, nauseantes. Tudo o que tenho pincela meu corpo, enrosca dentro de mim, adorna minhas ações. Tudo o que tenho
só a mim pertence: a ferida que sangra, as cicatrizes, a dor que dilacera, a voz ausente, o coração partido. É tudo o que tenho. É todo o meu legado.

Nada como...

Nada como...
Acordar no meio da noite
Abrir a janela
Sentir o frescor da madrugada
Absorver o silêncio reinante
Porque a maioria se cala

Nada como...
Olhar a pele
Sentir um arrepio
A brisa que chega do mar
Olhar para o céu
Se deparar com algumas estrelas infinitamente distantes
Deixando-me ver
O que não faz nenhum sentido

Nada como...
Aproveitar cada momento
Refletir sobre a vida
Sentir a vida
Abrir os olhos e descobrir que estou viva
Nada como...
Viver!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Insônia

Uma linha tênue
Um abraço desfeito
Uma onda em declive
Um sonho inalcansável

Um elo partido
O ponteiro quebrado
O poema jamais publicado
Sonhos de uma noite extensa.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Camuflado

Nas linhas
Nas entrelinhas
Nas ondas
Nos corações
Nos caminhos
Nas vontades
Nas nuvens
Que se espalharam
Pelo mundo
E o levaram de volta
Para os sonhos
Para o sono
Para a realização
Para o grande amor
Onde está você?

sábado, 23 de outubro de 2010

Uma linda bike

Viajo em uma bike
Caminho longo
Na mochila lembranças imutáveis
Que aquecem meu coração constantemente

As rodas giram
Em uma velocidade inalterada
Muitas paisagens
Muitas culturas

Meu coração palpita a cada lembrança
Ela circula em um território distante
As marcas permanecem inesquecíveis
Deliciosamente presentes em minha memória.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Cartão Postal

Uma máquina fotográfica
Uma melodia nordestina
Uma brisa vinda do mar
Um canhão apontado
Para uma história
Difícil de imaginar
Um cardápio a desejar
Dois olhares
Pontos que brilham no mar
O bondinho lá no alto
A lua pela metade
Um toque
Uma vontade
Bastou um clique
Um encontro
Uma onda
Mais um postal que se desfaz.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Cantada !?

A chuva cai
Você não vem
Para fazer minhas vontades,
Fazer carinhos,
Iluminar meu caminho,
Encher meu recanto de encanto,
De canto.
Tantos cantos
Em qual canto você está?
Por ser um canto,
Canto,
Que serei tua...
Se encontrar meu canto.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sua presença ausente

Enquanto penso
Lá vem você
Distante, mas tão presente
Em meus sonhos
Em meu quarto
Em meu travesseiro
Enquanto sonho
Lá vem você
Sorrateiro, mas tão arrebator
Silencioso
E me faz arder
Enquanto desejo
Lá vem você
De novo,
De novo,
Em minhas lembranças
Tão presente, vivo.

sábado, 18 de setembro de 2010

Amor

O amor sempre encontra parceiros
O amor dilata corações
O amor corrói a alma
O amor ultrapassa limites
O amor chega e tenta ficar
O amor não se sustenta
É necessário regar
É preciso se mostrar
Que se deseja continuar
É preciso alimentá-lo
Diariamente
Com toque,
Com olhar,
Com palavras,
Com desejo,
Com flexibilidade,
E muito e muito mais
Para não petrificar
Para não mudar de nome
Para não mudar de coração.

Por que ?

A vida é injusta
O amor é injusto
Então, estou encarcerada.

Na contramão

Na contramão
Assim vai meu coração
Pela estrada da vida
Muitos relevos
Várias encostas
Trechos em aclive,
Outros em declive
Outros tantos impedidos
Obras, deslizamentos
Alguns trechos com asfalto liso
Onde meu coração desliza suavemente
E se encanta com as flores amarelas
No meio do mato, do nada
Onde meus olhos alcançam
e se deliciam com tamanha beleza.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Mais uma vez...

Um contato
Um sinal
Uma espera suave
Aguardada
Guardada
A voz tranquila
Sem neuras,
Sem pedir nada em troca
Zero de reclamação
Uma ponte
Algumas risadas
Algumas coincidências
Tantas mensagens
Um toque
Um remanso
Um encontro
Dois olhares
A distância mais uma vez.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Saudade

Quanta saudade!
Saudade das loucuras
Do jardim de poesia
De pegar o carro e dirigir até você
Da chuva na estrada
Quanta saudade!
Da receita e do veneno
Do sabor, do ardor, do encanto
Do calor de seus braços
Quanta saudade!
Da beleza natural
Da obra e tulipa
De deitar nua sobre o tapete
De sair da rotina
Quanta saudade!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A força da forca

A mente que mente, mente. É isso. O próprio homem mente, mas de repente se permite e deixa aflorar suas entranhas, libertando-se da sua própria prisão - única e pessoal. Então, joga a chave fora e assume sua liberdade. Mas pode não suportar tamanha responsabilidade. Então, resolve que é melhor continuar na sua mentira. A mente... mente. É isso. Pega a chave de volta, veste a sua camisa de força, a forca e transforma tudo em poesia.

Domingo - parte V

Tantos domingos...
Muitas emoções...
Quanta vida!
Algumas perdidas
Outras milimetricamente vividas
Esse domingo começa mal
Tudo bem, já se passou metade dele
Tantos passos largaram
Tantos passos chegaram
Os meus flutuam...
O alarme toca em meu celular
E anuncia seu choro
A necessidade de um novo encontro
Na tentativa de acalmar
Dar rumo aos meus passos e aos seus.
O domingo começa a mudar
Seria inacreditável...
Inacreditável não se permitir ser feliz!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Domingo - parte IV

O domingo segue
O sol permanece
O vento diminui
A manhã de domingo garante uma festa gloriosa para muitos
Que estampam suas medalhas no peito
Depois de muito suor, de muito esforço
Preciso continuar...
A manhã de domingo está chegando ao fim
Enquanto caminho pelo Aterro do Flamengo
Vejo pássaros, aviões, corredores suados,
Exceto seu rosto na multidão
Preciso continuar...
Brinco com duas carinhas, meigas
Me alimento de inocência, de carinho
De suavidade...
Ofereço água e sorvete,
O sorvete de morango é disputado
Meu coração sangra silenciosamente
Enquanto passos velozes alcançam a chegada
Mesmo segurando duas mãos pequeninas
Duas carinhas lambuzadas
Que esbanjam felicidade!!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Domingo - parte III

O domingo amanhece
O café da manhã congela em minha boca
O açúcar não foi sentido
Tudo está amargo
Meus passos atropelados, espalham as lembranças,
A rotina estendida sobre a mesa, sobre a cama, sobre o dia a dia das pessoas
Pobres mortais!!
Somos escravos... amordaçados, atados a nós mesmos
Apesar do sol, do calor, da claridade,
Do vento frio,
Da vida nas outras pessoas
Do nó na garganta
A vida deve seguir...
Cambaleante, em meio aos cacos
Das taças, se for preciso
E se preciso for,
Fazer uma concha com as próprias mãos
Apesar de trêmulas, atadas, inconformadas
Tomar o vinho e te servir um gole, dois, três
Mesmo entorpecidos diante do prático
O domingo continua mal...

Domingo - parte II

O domingo começa mal
Apesar do sol
Um vento frio corta a minha pele
Causa um arrepio
E um grito oculto se faz ouvir
O coração bordado com seu nome sangra
Transborda com a sua ausência
Inexplicável...
Tento recuperar o ar,
desatar o nó da garganta
Mas a cada tentativa
Surge um choro incontrolável
As lágrimas escorrem
Molham a minha blusa...
Não sinto meus pés
O vento me leva a algum lugar
O domingo começa mal...

Domingo - parte I

O domingo amanhece
No ar uma impotência
Que ata as mãos
Que oprime
Que dá nó na garganta
Que aperta cada célula
Que diminui o ar
Uma hipóxia inexplicável
Vai e volta...
A impotência grita em silêncio
Meu corpo sente a ausência
Meu coração silencia
E não consegue entender
O domingo começa mal
A hipóxia cala
Entorpece os pensamentos, a razão
E os pés flutuam, vagam sem rumo
O domingo começa mal
Apesar de uma linda manhã de sol.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Laçarote

Quando saio faço o laço
Enlaço cada volta...
Entrelaço cada detalhe
Reflito sobre o seu rosto emoldurado...tranquilo
E ao fundo um final de tarde
Com céu azul, umas nuvens brancas, esparsas
Um vento suave, frio a tocar minha pele
Quando saio faço o laço
Uso a fita do meu passo
Marcado com doces lembranças
Saboreio a sua pele envolta a tantos laços
E me presenteio com um laçarote extremamente encantador.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Sutiã

Retiro o sutiã, jogo-o pelo ar e ouço o seu barulho ao cair no chão. Distraida e imediatamente, piso sobre o seu colchete. Machuco o pé. Grito um pqp. Não me importo. Mordo o lábio. Entro no chuveiro e sinto a água morna escorrer pelo meu corpo. Sinto minha liberdade, que é preciosa e limpa.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Segredo do Silêncio

O silêncio...
Pressinto cada momento
O seu silêncio
Um querer sem movimento

Tantas emoções
Contidas
Na borda
Do coração sedento

Meu silêncio em movimento
Na calada da noite
No escurinho do meu quarto
O seu silêncio em pensamentos extremos

Meu coração bordado
Marcado em silêncio
Com o seu silêncio
E o seu, com o meu silêncio

Quem dará o braço a torcer?
Meu grito acordou você.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Doce ilusão

Você uma doce ilusão
Um suspiro
Uma bola de sabão
Uma nuvem passageira
Uma bala de raspão.

Um relógio quebrado
Um tufão
Um cabelo molhado
Uma unha quebrada
Um sonho quase perfeito.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Seu nome

Borda
Transborda
Enquando bordo o seu nome em meu coração.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Ahh...

O telefone chama
Ouço um "ahh..."
Que me chegou languidamente
Destroçado
Adormecido (?)

Soou como um sinal
Sinal de desesperança
Sinal de fragilidade
Sinal de pouca resistência

Um fragmento tênue
Uma lasca
Uma rachadura
Uma substituição prontamente feita.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sangue

Uma unha cortada
A outra lixada
Um pé estendido
Sobre o sofá

Um grito
A carne exposta
O ferimento sangrando
Uma compressão necessária

O sangue estancado
A coagulação perfeita
É chegada a hora
"Pensamentos Extremos".

domingo, 6 de junho de 2010

Um brinde

Duas taças
Dois corpos
Uma foto
Um fragmento tênue

Um desconforto
Duas cabeças
Sensibilidade à flor da pele
Um livro

Um salto de qualidade
Dois corpos estirados
Um ao lado do outro
Um brinde a nova fase.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Despir o prazer

Ouço o seu chamado
Nua na sua...
Na porta de sua casa
Entro sem deixar rastro
Tão longe, agora não mais

Ouço o seu chamado
Para despir o prazer
Exalar o perfume da carne
Curtir cada suspiro
Adormecer encaixados.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Varredura

Tome uma cervejinha
Uma caipirinha
Ou fique de cara limpa
Acenda o seu interruptor

Reconstrua sua carne
Desfaça as amarguras
Junte todos os sentidos
Atenda a sua campainha

Junte todos os pincéis
Espalhe todas as cores
Se olhe no espelho
Pinte o que vê

Solte sua voz
Aqueça seu espírito
E nesse momento
Ouça o seu coração.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Irado!

Ira
Irã
Urânio
Irado

Lula,
Acorda!
Acordo
Armado

Uma bola cheia
Uma bomba atômica
Um tiro no pé
Um tiro pela culatra.

Presente

Ralo
Ralado
Raspado

Dois ralos
Dois momentos
Duas ligações
Duas compras


Um só pensamento
Triturado
Misturado
Embrulhado para presente.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Habeas corpus

Um Cristo encarcerado
Pixado
Exaltado
Maquiado

Uma criança encurralada
Maltratada
Marcada a ferro quente
Uma bruxa foragida
Um habeas corpus

Um mar
Uma mancha negra
Intensa, infinita
Devastadora

Corpos soterrados
Um vira lata resgatado com vida
Um corpo infantil nos braços do militar
"Eu não sabia!"

Três zeros digitados a mais
Uma euforia
Uma correria
Bolsas que despencam
Caem - a grife não importa
Todas sentem a "marolinha"

A fome em cada esquina
A crueldade
A impunidade
Um carro bomba abandonado
O terror que se espalha
Que se espana e que adormece
Quando em berço esplêndido.

Medo

Medo de tudo
Do obscuro
De piscar os olhos
De acordar
De não acordar
De ouvir o que não se quer
De ouvir o que se quer
De não falar
De deixar rolar
De ser enrolado
De se deixar enrolar.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Para sempre

Mistério
Morte
Mortífera
Múmia
Enfaixada
Embalsamada
Calada para sempre
Em seu sarcófago.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Um ponto

Um, dois, três...
Quantos pontos serão necessários para a criação?
Um elo, uma volta,
três pulinhos,
Um segurar de mão...
Um aperto,
Um olhar...
Um relógio na parede ou o da Central,
Não importa qual...
O tempo irá mostrar
Que tudo tem começo, meio e fim.

Saudade

Saudade do teclar
Do criar
De imaginar
Eu, você, as flores, os pássaros...
dos meus pensamentos mais secretos.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Deus é brasileiro?

Estou desconfiada que Deus deixou de ser brasileiro, especificamente carioca. Estou errada?
Hoje, pela manhã, passei por vários bairros de Niterói e Rio até chegar ao meu local de trabalho. Em inúmeros pontos das duas cidades encontrei equipes da Clin e Comlurb, respectivamente, raspando, varrendo, limpando tampas de bueiros, juntando o lixo espalhado, toda lama (já aderida ao asfalto e calçadas) e constatei que em cada ponto os funcionários amontoavam - em vários "montinhos" - tudo o que foi recolhido, raspado e varrido por eles.

Por que Deus deixou de ser brasileiro?

À noite, ao retornar para minha casa, verifiquei a ausência das equipes nos mesmos locais, porém deixaram para trás os seus "montinhos".

Deus deve estar pensando agora, que não é mais brasileiro: mando mais chuva - segundo as previsões meteorológicas ainda há muita chuva por vir, mas acredito que ele ainda está meditando e dando um tempo para ver se esse pessoal cai na real e recolhe todos aqueles "montinhos" antes que ele mande outro dilúvio para as referidas cidades.

Ainda pergunto: por que Deus deixou de ser brasileiro, especificamente carioca?

Procura-se um Culpado

Realmente a cidade do Rio de Janeiro e outros municípios, como Niterói, sofreram e ainda estão sofrendo com as chuvas. Muitas mortes e muito prejuízo material, além da sensação de insegurança reinante. Fica evidente a incapacidade dessas cidades de enfrentarem os agravos da natureza de forma imediata - o que deixa o cidadão órfão de uma estrutura - que se espera, com os altos impostos pagos, tenha uma capacidade resolutiva de pelo menos 85% (esperar 100% é demais!).

Que Deus nos proteja e como disseram vários repórteres que a chuva não aperte e torcer para que as pessoas que entraram em contato com a água sabidamente contaminada, não venham a adquirir leptospirose, pois como sabemos a rede hospitalar existente é falida (será culpa do sol?!).

Em resumo: as nossas cidades estão entregues literalmente a toda a espécie de RATOS!

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Conquista

O olhar encontra um alvo
E gosta da imagem
Os neurônios são ativados
As mensagens são inúmeras

Tudo caminha em uma única direção
O alongamento da espécie
A profusão de estímulos
O olhar mais detalhado

Cada parte é analisada
Todo o resto é esquecido
O sorriso desabrocha
A sensação é de expectativa

A espécie ali, parada a esticar os músculos
A causar inquietação
O olhar mais aguçado
A pedir atenção

Algo está no ar
Um sabor,
Um sentimento,
Um prazer igualmente esperado

Tudo será possível
Basta estar vivo
Ter a graça necessária
Para estimular o alvo.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Violência X Vida

Violeta, violácea
Violência, violar
E o homem amordaçado
Exposto a tudo.

A brisa,
A arma
Mostrada sem qualquer constrangimento, às 6:45 da manhã
Em plena sexta-feira
Em dia comum,
Na ida para o trabalho,
Para o batente
Sob um céu azul
Em pleno Rio de Janeiro
O que fazer diante de tudo isso?

Do céu, apreciar
Da mão empunhando uma arma
Torcer para que não aperte o gatilho
Ou da bala, desviar...


Hoje escapei do alvo,
Mas meu corpo treme
Sente as marcas do constrangimento imperante nas ruas da cidade maravilhosa!

terça-feira, 23 de março de 2010

Um conto fantástico

De repente, olhei fixamente para o rosto do Erê...

Ele, sem entender nada, olhou-me com ar de surpresa - "O que ela está pensando ou vendo?", "O que foi, posso saber o que está passando pela sua cabeça?"
Por favor, Erê, levante um pouco a cabeça e incline-a para trás...
Por que, pergunta ele, ainda sem entender nada...

Mais uma vez, peço para que erga a cabeça. Meio reticente, acata meu pedido.
Então, tentei visualizar suas narinas, e nesse momento eu é que fiquei estranhamente surpresa, sobressaltada, boquiaberta...

- O que foi? - perguntou ele se desesperando.

Respondi: Precisamos ir com urgência a uma emergência.
O que houve, o que você viu em meu nariz?
Tem um corpo estranho dentro de seu nariz. Você não estava ou está sentindo nenhum desconforto? E ele respondeu: Não.

Minutos depois chegamos à emergência mais próxima e preenchemos o boletim de entrada. Na sala da recepção as pessoas falavam muito e em tom alto para o local.

Sentamos e aguardamos. Depois de alguns minutos fomos chamados por uma enfermeira que nos conduziu a um consultório e solicitou que o Erê se deitasse na maca. Em seguida, colocou uma bandeja de pequena cirurgia sobre a mesa de cabeceira e antes de se retirar disse que o doutor Manoel logo viria atendê-lo. Fiquei bastante preocupada, não só com o que vi na narina do Erê, mas com o ambiente impróprio para o tipo de procedimento, que a meu ver, deveria ser o mais limpo possível. Pensei: não seria o caso de ser atendido em um centro cirúrgico? O ambiente aqui não é propício para o atendimento em questão, já que provavelmente envolverá um procedimento bastante invasivo.


Minutos depois, entra no consultório, um senhor que mais parecia um feirante, exceto pelo nome - Dr. Manoel Trancoso - bordado em linha azul no bolso do jaleco branco, encardido e sob este, uma camisa vermelha com os seus três botões anteriores sem abotoar, deixando à mostra o seu peito onde podia ser visto uma corrente grossa, dourada, nada comum a postura de um profissional médico. Os cabelos com aspecto de sujo, tamanha a oleosidade, o rosto ensebado, as unhas grandes e sujas, os sapatos velhos e sem cuidado algum... Pensei com meus botões - todos abotoados: Meu Deus, seja o que senhor quiser!!


O "doutor Manoel" olhou para mim e para o Erê, esboçando um sorriso de satisfação. Abriu a bandeja e começou a mover as pinças sobre a face do Erê.


Eu, que sempre me senti mal ao ver sangue – e dessa vez não foi diferente – comecei a ter a sensação de desmaio (suor frio, palidez, náusea...) e por mais que desejasse olhar para o que o médico estava fazendo, alguma coisa me impedia.


Percebi que calçou luvas (graças a Deus!!) e que as mesmas estavam ensanguentadas... Precisei olhar para o outro lado, pois não queria ser mais uma paciente a causar trabalho em hora tão imprópria.

Algum tempo se passou... Será que desmaiei?!

De repente, o médico chamou a enfermeira Olivia e pediu para que ela me levasse para ver o corpo estranho retirado da narina do Erê. Ao olhar, primeiramente para o Erê, fiquei impressionada com a deformidade de seu rosto... não havia mais nariz, o rosto ensanguentado e nas mãos enluvadas do médico dois ossos que segundo ele, só seriam recolocados no dia seguinte, em novo procedimento. Assustei-me com isso e, mais ainda, com o que vi sobre a pequena bandeja de cirurgia: um pequeno cacto e ao seu lado um besouro de aproximadamente 3 cm, de asas verde-cintilante, com as patinhas para cima e que ainda se mexiam...

Então, perguntei ao médico o que aquele besouro fazia ali, já que o corpo estranho que vi na narina era apenas o cacto? Ele respondeu: - Ora, minha filha, o besouro foi o responsável por plantar o cacto na narina ou você acha que o cacto voaria sozinho para a narina?

Fiquei em silêncio, sem esboçar qualquer resposta, quando senti o sol entrar pela fresta da janela e me acordar.

Que sonho louco, ou melhor, graças a deus - foi um pesadelo!!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Noel e sua foto

Noel chega esbaforido. Também, com toda a chuva que cai lá fora, é impossível não se atrasar. Está tudo parado. Os carros ongestionados, uma multidão de guarda-chuva abertos, o povo irritado com seus pés molhados, ainda mais com a sensação de que se trata de água de chuva misturada ao esgoto que vem de um bueiro entupido - o cheiro é característico, dá nojo.

Noel chega à portaria do prédio rua Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Na recepção é solicitado pela recepcionista Terezinha, uma jovem senhora, assim identificada por seu crachá a apresentar sua identidade e para se posicionar a frente da câmera para a foto.

Noel, se surpreende com o pedido - Como? Onde colocarão minha foto? Isso é constrangedor e se pergunta: para que serve a minha identidade, já apresentada? O documento não é suficiente para provar que sou um cidadão brasileiro, cumpridor dos meus deveres?

De repente a "ficha cai" - hoje, com o que está acontecendo, com tamanha violência, é melhor obedecer.

Observa que sobre a mesa da recepcionista há uma linda pimenteira roxa. Como é extremamente supersticioso, pensa: "e se ela não gostar do meu questionamento e resolver colocar meu nome na boca do sapo ou escrever meu nome num papel e depositar no refrigerador de sua casa ou identificar um boneco com meu nome e alfinetá-lo todo?" Diante de todos esses argumentos, desiste do questionamento, e se dirige ao seu destino: o consultório dentário.

Depois de autorizada sua entrada - Ufa!! - liberada a catraca após passar o cartão que lhe foi entregue (agora, possui uma senha de acesso ao respeitoso prédio), entra no elevador, aciona o terceiro andar. No corredor, procura a sala 303, aperta a campainha. Segundos depois, é atendido por Alessandra, uma auxiliar do consultório, que se encontra em estado gestacional - lá pelo 6º mês...

Alessandra, a bela auxiliar, de pele bem clara, cabelos compridos e louros, usa um jaleco azul claro, ainda abotoado, porém, em razão do seu estado encontra-se um tanto, ou melhor, bastante apertado. Mostra-se simpática, indica-lhe o sofá e informa que a doutora Flávia logo irá chamá-lo.

Noel, após a saída da auxiliar, dá uma olhada na sala da recepção e acha bastante interessante a estante com os vários tipos de escovas de dente ali expostas; de vários tipos e modelos: para crianças, para adultos, para cuidados mais intensivos, sendo a maioria para a escovação de rotina. Pensa: elas devem ser adquiridas nos famosos congressos de odontologia ou fornecidas como brindes pelos representantes de produtos odontológicos que visitam o consultório regularmente.

Enquanto espera ouve a conversa de três mulheres vinda do corredor que dá acesso aos consultórios. Assunto - gravidez e ultrassonografia. Comentam sobre a imagem de seus bebês . Uma fala que ele estava com toda a mão na boca, a outra, que chupava o próprio pé, e outra, que seu bebê estava quietinho, como que dormindo. Todas empolgadas. Noel, então, vai imaginando a cena, como se fosse uma foto.

Por alguns segundos, Noel pensa que errou o endereço e está em um consultório obstétrico

De repente, a porta que dá acesso ao corredor se abre e uma outra auxiliar de consultório, Joelma, também em estado gestacional, por volta do 4º mês, chama-o e o conduz ao consultório e pede para que se sente na cadeira do dentista.

Logo em seguida entra no consultório a doutora Flávia, também grávida. Pelo que observa está prestes a ter o filho. Muito simpática, atenciosa, examina sua boca e explica alguns procedimentos necessários. Solicita uma radiografia panorâmica da face.

A doutora Flávia fala que está prestes a se afastar do trabalho e que o Dr. José Henrique dará prosseguimento ao seu acompanhamento. Chama o referido colega e o apresenta. Após o atendimento, Noel, dirige-se à recepção para agendar seu retorno. Lá, acaba presenciando a chegada da esposa do dentista José Henrique, assim como assiste o comunicado de que ela também está grávida, que o resultado do teste foi positivo. A comoção foi geral!

Noel, enquanto aguarda o elevador, pensa nas fotos, na fotografia de sua face, nas quatro mulheres grávidas, na ansiedade de cada uma até poderem ver seus filhos definitivamente em seus braços, na sua imagem filmada enquanto anda pelo prédio... São tantas câmeras.

Na recepção, ao devolver seu cartão de visitante, dá mais uma olhada na pimenteira roxa e olha fixamente para o rosto da recepcionista Terezinha.

Ao sair do prédio, entra no primeiro restaurante e pede o prato mais apimentado da casa.

terça-feira, 16 de março de 2010

Quem é ela?

Quem é ela?
Sorrateira, mascarada, anunciada, de qualquer jeito
Não tem jeito... chegará.
Impiedosa, maquiada, lastimada,
Silenciosa, abrupta,
De qualquer jeito,
Não tem jeito,
Tocará você
E fechará seus olhos para sempre
E te levará...
Para onde?
Não tem jeito...
Através de um soco, uma arma branca, um tiro certeiro,
um amasso, uma queda, um choque, uma célula acelerada, uma picada... exagerada, uma labareda, uma solução venosa, um travesseiro, uma dor penetrante... insuportável no peito ou na alma.
Não tem jeito,
Chegará a hora
Que te levará.
Atenção: o último que sair, apague a luz.

Obs.: dedicado a "Geraldão","Casal Neuras", "Dona Marta" e tantos outros.

terça-feira, 9 de março de 2010

Manjar dos deuses

As receitas são seguras?
As dosagens corretas?
Tudo se apresenta na medida certa?
Existe uma fórmula para o amor?
Se sim, por que não a encontramos nos livros dos grandes chefes?
É necessário uma química,
Uma balança,
Um bom senso,
Tudo e mais um pouco,
Pouco e menos ainda,
A temperatura na medida,
O cheiro adequado,
Um paladar apurado,
Uma cor agradável,
Uma pitada,
Um pitaco,
Uma xícara, um copo, uma colher de sopa, de café,
Uma colher de pau
E na briga de marido e mulher, ninguém deve meter a colher...
Se tudo isso é necessário,
Como decifrar e saborear do manjar dos deuses sem sofrer?

quarta-feira, 3 de março de 2010

Graça

Graça!

Ser uma graça
A graça de não ter graça.
Parece loucura,
Receber uma graça de graça
Qual o motivo de tanta graça?
Da graça de não ter graça?
Qual é mesmo a sua graça?
Onde está a graça?
Ainda não sei...
Só sei que me chamo Graça,
Enquanto você perceber em mim essa graça.
Essa é a verdadeira graça da graça.
Então, continuo aqui toda sem graça.



Graça!

Ser uma graça
A graça de não ter graça.
Parece loucura,
Receber uma graça de graça
Qual o motivo de tanta graça?
Da graça de não ter graça!
Qual é mesmo a sua graça?
Onde está a graça?
Ainda não sei...
Só sei que me chamo Graça.
Essa é a verdadeira graça da Graça.
Então, continuo aqui trabalhando para pagar, 
inclusive, a minha diversão...
Que não é de graça e, sim, 
Paga pela Graça!
(Márcia Juannes).
(Márcia JuAN

segunda-feira, 1 de março de 2010

Nisso, naquilo e mais um pouco

Existe poesia em tudo...
Naquilo,
Nisso,
No conhecer,
No desvendar,
Em cada olhar...
No seu, no meu,
Entre os olhares.

Diariamente

A balança, a borra,
Um expresso milimetricamente dosado
A mão treme, o café derrama.

A borra se vai pelo ralo
Não é motivo para um conflito:
"Graças a deus!".

Um conhecer diário
Sinto a sua mão
A fita branca cortada

Quanta coisa ainda por vir...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Toque especial

A flor amarela sobre a mesa
Evidenciada pela luz de vela
Cria um clima romântico
Dá um toque especial...

Tantos pensamentos
Cada um em seu espaço
Cada um com seu mundo
Tentando unir as pontas

Não importa o amanhã
A sintonia do presente é sentida
Não há espaço para especulações
O sabor parece bom

Toca uma música
Os gemidos ouvidos
Não existe medo
O presente é que importa.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

" A Fita Branca"

Branco ou preto
Tudo junto
Misturado à neve
À escuridão, à obediência
À Desobediência...
Tudo beira a loucura.
A língua impõe
Determina
A escrita branca
Não deixa entender
E eu seguro a sua mão...
Macia, suave.
Preto e branco
Tudo parado
Será que nasce um símbolo?
Ou não será uma mente doentia a dominar inocentes
Que precisam conter seus impulsos puros, básicos
Em detrimento da podridão?
Branco e preto
Onde está a fita branca
Retirada da caixinha de costura
Guardada no armário de cada um de nós?
Branco e preto,
Preto e branco
Ilusões ou mais uma vez o capitalismo presente?!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Abre alas ou Purgante - ser ou não ser?

Essa semana fui adjetivada de "PURGANTE" por um magistrado (será?). Mas para o bem da minha auto-estima nessa mesma semana ouvi essa de um flanelinha conhecido - das minhas inúmeras idas ao dentista - lá, no Jardim Botânico: "Vai desfilar na Grande Rio?" e eu, - não, nem gosto de samba! e ele: "Você está com um corpinho de abrir escola de samba!". Bem, tudo é muito contraditório, mas praticamente, completando 48 anos, no final desse mês, resolvi acreditar no comentário do guardador de carros - sabe como é, me soou melhor do que ser um "Purgante". Acho que devo meu "corpinho de abrir escola de samba" ao início das aulas de pilates em dezembro último por indicação médica, devido uma hérnia de disco, não esquecendo, é claro, da minha genética e do meu empenho na execução dos exercícios, pois faço tudo com muito prazer."SONHAR NÃO CUSTA NADA" e faz muito bem, segundo um grande amigo.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"O outro"

O que dizer do outro?
O outro é mais que tudo um desconhecido
Errante, andarilho, delinquente, apaziguador, apaixonante, filósofo...
Tudo ou quase tudo
Nem mais nem menos
Tudo ou quase nada
Tudo ou muito
Pouco ou nada
Andarilho...
Apaixonante...
Delinquente...
Filósofo...
Apaziguador...
Sereno ou audacioso?
Gosto dos dois.
Um mix de tudo
Ou quase tudo
Num mesmo pote
Será possível?
Parece que sim.
As reticências provocaram...
Colocaram a prova
Resta saber qual o sabor
Se doce ou salgado
Ou um mix...
Gosto dos dois
Separados ou não
Dependerá do prato a ser servido...
Dia a dia
Sem pressa,
Sem atropelos...
Regado a muita poesia e filosofia.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Silêncio

Ouço meu próprio silêncio,
Ele me é ensurdecedor.
Tento, em vão, ocultá-lo
Abafando-o com um travesseiro
Mas, ele não ouve meus apelos
Pressente minha intenção
E se esconde nos acidentes
Minhas tentativas são inúteis
Então, só me resta a deficiência de mim mesma.

Valsa

Tudo
Intenso
Gigante
E meu coração...
Valsa em meu peito.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Tormenta

Como tudo poderia ter sido diferente...
São tantas interrogações,
Nenhuma explicação.
Muito sofrimento,
Uma dor assídua...
Marcante, presente.
Simplesmente. assim é a vida:
Momentos de deslumbramento ou tormenta...
Uma eterna poesia...
Sentida em todos os poros,
Em cada gesto, em cada palavra, em cada espera,
Dia após dia,
De dia ou de noite...
Sempre PRESENTE.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Decisão

Posso entrar
E você entra
Se senta no sofá castigado pelo sol
Vai até a janela e se imagina atravessando a rua
E se pergunta: o que estou fazendo aqui?
Vira-se e olha as paredes brancas
Sem adornos, sem poesia.
O que estou fazendo aqui?
Longe daqui,
Minutos antes, estava sentado confortavelmente em seu blindado,
A decifrar cada rosto
A imaginar cada vida, tantas pelas ruas.
E agora, aqui, como se posicionar?
É mais fácil fugir do que falar
E decide sair de fininho.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Gente pequenina

Uma gente pequenina
Com regador na mão
A espalhar inocência
A aquecer os corações
Um abraço seguro
Que cativa a todos
O céu azul
O solo aquecido
Tudo espalhado
Uma mistura de paz, de vida, de carinho, e muito amor.

Tesouro

Resgate seus tesouros
Coloque uma nova roupagem
Fortaleça seus sonhos
E caminhe...
Sem medo de ser feliz!

"História de nós dois"

Quero alguém que ame
Que me acenda
Que se sinta incendiado
Que me marque
E queira ser marcado
Que sinta a minha falta
Que queira estar junto
Curtindo cada suspiro
Que acompanhe cada passo,
Sem seguir
Quero fazer parte e ser parte
E construir, de mãos dadas, uma história.

Natureza morta

A chuva cai
E desfaz meus sonhos
Tira o sabor de seu beijo,
A possibilidade de sentir sua língua se enroscar na minha
A chuva leva seus abraços...
Sem piedade,
Ela arrasta meus sonhos dentro de um saco preto
Sem qualquer possibilidade de volta
E da janela vejo tudo ruir...
Eu e você.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Gato

Um olhar
A cativar um gato
A observar o rio
A desvendar o mistério
Mas não há explicação
É da natureza humana...

Frio

Flores, tantas cores
Tantos versos
Muitas palavras
E um frio incalculável
Capaz de endurecer meu coração.
Quanta solidão,
Apesar das flores,
Dos versos, das palavras.
O arco-íris ficou branco
O meu olhar ficou sem brilho
Tudo ao meu redor parou
Não sinto os meus pés
Minhas mãos estão ásperas
Acabou a suavidade
Uma letargia tomou conta de mim
Meu coração já não responde
Está frio, quieto.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Injustiça

Uns buscam,
Outros encontram,
Uns sonham,
Outros se desesperam,
Uns com tanto,
Outros a esperar...
Finalmente, a perfeição à vista
Mas, o amor não vem.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Uma agulha

Um passo a frente
Um desconforto
Uma agulha
Uma prisão
Não importa o tamanho do passo
As consequências estão presentes
O coração apertado
Um desconforto assíduo
Apesar da massagem
O momento foi impróprio.

Haiti

Uma dor severa
Uma dor extrema
Expande-se em meio ao pó branco
Aos poucos o pavor aflora
A poeira se deposita nos corpos sem vida,
Em outros corpos incrédulos, perdidos, vivos e mesmo assim sem vida.
Os olhares não acreditam,
Os corações choram
Milhares páram
O sangue se espalha entre os entulhos,
Escorre sobre a terra.
Quantas vidas se foram...
Quantas vidas irão...
Quantas vidas sequeladas...
Uma dor infinita... que nunca se apagará.
A tristeza presente
Um nó na garganta
Um olhar perdido
Uma mão estendida
Um pedido de socorro!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Hanna

Um rostinho
Um choro forte que diz: aqui estou!
A pele tenra
As mãos pequenas
Tudo em harmonia.
De repente, uma alteração
Um susto
Uma prostração
Uma correria
Vários batimentos acelerados
Inclusive o seu.
Mesmo inerte,
Jogada em meus braços
Mantem-se suave, bela.
Tudo combina
As agulhas não
Um choro forte
Meu coração apertado
Seu rosto corado
Tudo começa a amenizar
A encontrar seu ritmo
Até o que costuma ser marrom
É festejado quando aparece verde
Mas a dor continua...
Meu peito apertado
Vendo-a lá, através do vidro
Bem cuidada, mas longe do meu abraço.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Apenas um detalhe

Cora coração
Decore todos os ritmos
Enfeite cada movimento
Desenhe cada detalhe
Espalhe vida
Inspire poesia
Liberte todos os nós
Insinue paixão
Desbrave os caminhos
Aproveite cada segundo...
Mantenha-me viva!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Correntes

As palavras não serão suficientes para expressar o que estou sentindo: um contentamento, uma catarse, um experimentar, um choro, tudo aquilo que esperamos a vida inteira e por um minuto sentido, percebido, acarinhado, motivado, escrito nas linhas da minha vida; um momento único que mesmo acompanhado... mesmo assim, único, que explode e espalha-se por todo o universo, pelo meu mundo real, com pés no chão, mesmo estando nas nuvens.
É indescrítivel o sabor do querer, do desejar, do realizar, sem máculas, peso na consciência, de dominar um mundo inventado e imposto a todos e a mim...
Vamos cortar as correntes?!
Um brinde a esse querer, capaz de transformar uma vida.