quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Leave Me Alone

Olá amigos!

Quero compartilhar com vocês a canção LEAVE ME ALONE, do artista poprock Reynaldo Costa. Espero que gostem, como eu. É só dar um play!!!

Abraços,

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Músicas: Verdade; Acreditar; Coração Perfeito; Lanterna dos Afogados

http://www.youtube.com/watch?v=KJGMsnXvG4A


http://www.youtube.com/watch?v=iAOmoh6Z8Vw&feature=related


http://www.youtube.com/watch?v=aBZVhoV-nUU&feature=related


http://www.youtube.com/watch?v=FqPH9IZNuD0&feature=related

domingo, 25 de dezembro de 2011

Feliz Natal!!

Um ótimo Natal a todos que me acompanham aqui. Sei que ando meio longe do teclado, mas nesse ramo - o da escrita - nem sempre a nossa vontade é soberana... muitas vezes, sento aqui, em frente ao pc e, nada acontece. O importante, é saber esperar e, felizmente, aprendi e peço a compreensão de todos que me acessam e esperam ler coisas novas.

Ando pensando muito no meu romance - a base já tenho em minha cabeça, mas o momento para começar a passar para a digitação ainda não chegou, mas sei que não demorará. É só uma questão de paciência e essa, tenho bastante.

Muita luz, paz, saúde, sucesso, sabedoria, tranquilidade a todos e também sorte (não se esqueçam da Mega Sena da Virada e lembrem-se de que: só ganha quem joga!!!).

Beijo a todos!!!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O trinco

Tento não pensar
Mas a janela teima em ficar à minha frente
Tento não olhar
Mas o trinco se mostra
Posto lá no meio
Tento não sair
Mas a mão se movimenta
Levanta o trinco
E deixa à mostra a paisagem
Um mundo que se exibe sempre
Pode estar cinza, rosa, branco, preto, vermelho
E tudo vem à tona
Um mundo
Muitas vezes tão distante
Outras, tão próximo.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Música Verdade

Música Verdade em que tenho parceria na letra com o artista poprock Reynaldo Costa.
Acessem o link abaixo e se gostarem, divulguem!!

http://www.youtube.com/watch?v=KJGMsnXvG4A

Outras músicas, oriundas das minhas poesias, já estão a caminho...

Verdade

Letra: Márcia Juannes e Reynaldo Costa
Arranjo e música: Reynaldo Costa

Nos quatro ângulos do quarto
Buscarei você
Em uma linha imaginária
Eu farei penetrar tudo que possa ser...
No segmento a trajetória, o desejo vem,
Em cada raio de seus olhos
Eu descubro um ponto
E vou mais além...

De nosso tempo um instante
De nossas vidas a verdade
Só você e eu...

No mundo tão distante
As pessoas se perdem
O segredo vem à tona
E eu não posso imaginar
Eu sem você...


Obrigada a todos que frequentemente acessam o meu blog.

Abraços,

Márcia Juannes

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sem Dó ou Piedade

A dor que empalidece,
A dor que entristece,
A dor que sufoca, que aperta
E se desnuda friamente.
A dor da ausência da carne,
A dor pela culpa de não ter feito mais...
Da minha ausência nos momentos incertos.
A dor da alma
Da minha, da sua.
Que faz chorar em silêncio,
Que não se pode dividir.
A dor,
Que irradia,
Que dilacera
Que corta o coração do outro,
Que nada pode fazer.
O mundo passa,
As pessoas passam,
As horas passam
E meu luto permanece.
A espera é longa,
Silenciosa,
Única.

domingo, 25 de setembro de 2011

Meu coração

Meu coração
No deserto
Cansado,
Desidratado...
Vai!
Pulsa,
Pulsa mais um pouco
Quem sabe,
Encontra o oásis
Que o destino reservou.

Meu coração
Cansado
No deserto
Desidratado
Puuulsa,
Puulsa,
Pulsa,
P...
Pulsa fraco
Sem desistir
Quer encontrar o oásis
Pulsa !!!

domingo, 28 de agosto de 2011

Cravo Canela



Carne / Beijo
Extremo / Loucura
Prazer / Gozo
Carinho / Abraço
Cravo / Canela
Prazer / Beijo
Treme/ Extrapola
Explode / Grito
Amanhecer Juntos!

domingo, 21 de agosto de 2011

Retalho Pulsante

Sai
Vai
Recolhe todos os retalhos
Traz de volta
Recoloca em meu peito.
Ele anda cansado
De tanto sofrer
De tanto chorar
Traz...
Remendado,
Costurado
E novamente,
Inteiro...
De volta
Para o meu peito
Traz de volta
O pulsar,
O calor,
O sentimento,
As emoções,
De volta,
Mesmo suturado
Que volte pulsando,
Fazendo circular a vida por todo o meu corpo
Traz de volta
O calor,
O desejo,
O pulsar,
A vida...
A minha, a de antes,
Totalmente inteira!!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O tempo

Tempo...
Que tempo?
Ele não precisa ser visto
Ele passa impávido
Não olha para trás
Ele irradia a cura
De cada mal estampado
Você é que decide
Se transforma o triste em alegre.
Ele não concebe a inércia
Segue sempre impávido
Você é que decide
Acerca de você, de mim,
Ao longe...
Ele nunca se esconde
Ele nos tira e nos salva da mesmice
Um dia ele nos trouxe flores,
No outro, os espinhos
Hoje, você decide
Eu decidi por mim...
Ele passa impávido
Enquanto eu...
Acaricio uma nova flor
Os espinhos retirei com uma navalha
Neste momento, sinto o perfume da rosa
Que está tão próxima,
Na mesinha de cabeceira
Enquanto o tempo,
Passa impávido!!!

domingo, 31 de julho de 2011

Enfim, mais de um é multidão!

Muitas expectativas
Quanta vontade...
De perceber
O que se vive
Você e tantos outros

Quantos desejos
Ocultos,
Guardados,
Escondidos,
Lá no fundo...

Mas sempre sentidos,
E sempre, sempre desejados.

Muitos pensamentos
Muitas imagens
Muitos sonhos
Muitas decepções
São tantas as vontades...

De muitos
De encontrar a razão
Junto aos lençóis
De matar a curiosidade
De sentir na pele

O que acontece
O que se mostra do outro lado
O que cada um tem a dizer
O que se passa em cada olhar
Por onde as mãos passam

O que os olhos percebem:
É uma encenação,
É uma atriz,
É um ator,
Corpos à mostra?

O que se quer,
O que se mostra,
O que se percebe
Em cada gesto,
Ao subir os degraus?.

Perceber pelos outros
Compreender a vulnerabilidade
Sentir o fio da navalha
A percorrer a carne
Ou simplesmente estar ali...

Enfim, mais de um é multidão!

sábado, 30 de julho de 2011

Saudade: o passo que ficou!

Muito bom sair
Sem compromisso
Ter o domínio dos seus pés
O tamanho do salto não importa
O que vale, é o que ele representa.

Pode ser o Luís XV,
O rasteiro
O tipo Ana Bela...
Não importa o modelo
O importante é o seu poder sobre ele.

O essencial é poder voltar
Ter plena consciência
Saber onde pisou
Na lua, em cada estrela, no acelerador
Não importa onde, com quem ou como foi.

O importante é que:
Se possa saborear cada passo
Se possa refazer cada passo
Se possa relembrar cada passo
E possa sentir saudade de cada passo dado, um por um, detalhadamente!

sábado, 23 de julho de 2011

Era uma vez...

Um segredo
Uma noite
No escurinho
Lábios que se tocam
Macios...
Limpos ?
Nem tanto!
Sentidos...
À flor da pele
Línguas que se encontram
Tocam
Rodopiam
Provocam
Impulsionam
No silêncio
Despretensioso
A dois,
Muitos olhares
Quem sabe o quê?
Era uma vez...
Uma noite
Uma escada
Em que tudo se mostra
Como um segredo ao pé do ouvido!!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A espera de um querer

Encontros
Marcados
Desencontros
Não esperados

Tratar bem
É gostoso
Ser bem tratado
Também

Uma ida
Uma volta
Como tudo
Irá se resolver?

O destino
Enlaça
O destino
Desata

Braços
Cruzados
A espera,
Até quando?


Uma manifestação
É necessária:
Um sim ou
Um não!
Sejamos claros!!

terça-feira, 12 de julho de 2011

O Conto

Conto um conto

Será que conto,

As contas do teu cordão?


Conta que faz de conta

Que ouve os contos que te conto

Conta aquele conto

Aquele mesmo, o da Menina Feliz

Que contagia e entorpece com tamanha poesia.


Conta o conto

Que te conto à meia luz,

Conto de faz de conta

Que diz que não conta para mais ninguém.


Conta aquele conto

Conta a verdade

Que a mentira é contada

E só faz crescer o nariz!


Conta que seus contos

Contam as contas que fizeste...

Será que conta

Na ponta do lápis

As contas do armazém?


Ou será que conta o conto

Só para alegrar a mocinha

Lá do canto da serra?


Conto que um dia seu conto

Vai ser grande

Como a lua que ilumina o caminho dos navegantes à deriva...


Faça as contas

Que te conto

Que seu conto será pequeno no papel

Mas enorme nos corações de muita gente

Como um conto de Tolstói

Que te fez lembrar de mim...


Conta...

Como um conto

Que sou canto

E canto que gosto de ser assim!!

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Meu curativo

Ouço uma canção
Que me faz abrir o livro de poesia
O primeiro verso é arrebatador
Me joga violentamente contra as minhas mais atrozes angústias

Passo para o segundo verso
Que não alivia
Cada sinal, letra, palavra, frase
Chegam como a ponta de uma lança envenenada

Com uma força inexplicável
Penetra em meu peito
E o seu veneno chega rapidamente à minha alma
Nos olhos o líquido transparente, salgado, desce impetuosamente

Em profusão o líquido escorre
E deixa pelo chão...a pista
De um coração que sofre
Silenciosamente

A visão embaça
A página fica molhada
O sol penetra,
Seca toda a pista do caminho

Mais uma vez,
Me aquieto
Me aqueço
E troco o curativo do meu coração.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Amor à primeira vista!

Seu olhar inebriante
Enlouquece os meus sentidos
Então, sigo-o, sem pestanejar
A cada piscadela sua...
Sinto...
Que meu coração
Pulsa descoordenado,
Totalmente sem ritmo.
Pressinto...
Que meu coração
Enlouquece,
Pula sem parar e
Quase sai pela boca.
Percebo...
Que meu coração
Pulsa, pula, pula, pulsa,
Totalmente sem ritmo.
Diante de tantos sintomas e
Vestida em uma camisa de força
Fui internada.
A hipótese diagnóstica foi dada,
Meio assim, na lata:
É amor à primeira vista!!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Despertar

Abro os olhos
Segundos depois o alarme avisa
É hora de sair do casulo
Do ninho aconchegante

Percebo o dia
Dou um bom dia para ele
Ouço sua retribuição
E tudo recomeça

A água morna passa por meu corpo
A mão espalha o hidratante
Visto a lingerie
Vou até a cozinha

Aprecio o despertar do dia
E a despedida da noite
Enquanto sinto o cheiro do café
Que passa pelo filtro

Um suco
Uma torrada com queijo branco
Uma xícara de café
Um copo de água

Outra vez no banheiro
Sinto a troca de sabores
A menta substitui o café
Como o sol substitui a lua

Completo a vestimenta
Espalho o filtro solar
Um toque no olhar
Um tom suave nos lábios

Pego a minha bolsa
Antes escolho os brincos
Um ponto brilhante,
Assim será o meu dia

Fecho a porta
Sinto a brisa
O burburinho do dia
Nas mãos as manchetes do jornal.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sem hesitar

Hoje resolvi encarar
Peguei a caixinha de costura
Retirei a tesoura
Abri o armário
Fiquei frente a frente com o espelho
E não titubiei...
Mecha por mecha
Fui cortando cada fio
Que foram caindo aos meus pés...
O resultado?
O esperado: fiquei careca,
Mas cheia de coragem!!!

Obs.: agora preciso encontrar uma solução, talvez comprar uma peruca daquele comercial antigo: "Perucas Lady, tá!!"

sábado, 28 de maio de 2011

Um Belo Futebol

O gigante da colina jogou e merecidamente levou!
Jogadores fizeram o que se espera ...
Jogaram futebol, um belo futebol !
O Ricardo Gomes taticamente harmonizou
E o que se viu no Ressacada:
Profissionalismo,
Equipe unida,
Amor ao trabalho,
Amor à camisa...
Uma partida bonita aos olhos e ao coração dos amantes do futebol !

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O eco do desen(canto)

As vaias ecoaram em São Januário,
Enquanto o luminoso Lucas driblava,
Deixando Gum a ver navios.
Tantos imbróglios envolvendo o Flu.
A torcida impaciente grita:
“- Burro!!”
Que sai cabisbaixo!
O “decorativo” até que tentou uns chutinhos
Mas nada que pudesse espanar a poeira de seu corpo cansado, sem brilho...
A espera de uma mão que o conduza, definitivamente,
Ao porão do museu cheio de ratos e baratas, tão comuns ao tricolor.
Falta o quê?
O Abel Braga, o praga ?
O Fred, o capitão sinuzado ?
O Conca, o melhor de 2010 ?
Falta tudo e mais um pouco:
Do profissionalismo
Ao amor pelo clube.
Assim, não há torcida que resista...
Ao desencanto que espanta o canto!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Ralo da Alma

Não tenho vontade
Não sinto mais saudade
Tudo é escorregadio
Passa entre os dedos
Segue lentamente a caminho do ralo
Que mesmo parcialmente obstruído,
Deixa passar o essencial
O brilho, a meiguice, o carinho, o desejo.
Aos poucos, tudo vai sendo levado...
E o desinteresse surge
Bate à porta...
Deixo-o entrar
Sinto a sua brisa
Que acalma meu coração
E liberta a alma.
Vai, sai de vez.
Não quero mais,
Não tenho vontade,
Não sinto saudade.
Urgente: agendei a desobstrução do ralo!

terça-feira, 17 de maio de 2011

O que Ceará, que Ceará?

É o Ceará do Vozão.
“O que será, que Ceará?”
“Que todos os avisos não puderam evitar”
As vaias ecoaram ainda no Engenhão.
O que será, o Ceará?
É a carroça desembestada
Que retirou a fantasia do bonde
Deixando-o nu em pelo em pleno PV.

O que será, o Ceará?
“Com seus meninos desembestados”
Tornou a repicar que...
“O que não faz sentido”
Fez: parou o Fla!


sábado, 7 de maio de 2011

Puro Prazer!

As flores exalam o perfume que deixamos nos lençóis depois do nosso sexo, o sexo que enaltece os deuses, que lava a alma, a minha, a sua, o sexo que provoca em nós, a fantasia, o desejo, de quem mais, mais e sempre, nós, entre os lençóis, na grama, na areia da praia deserta ou não, em qualquer lugar, desde que estejamos juntos transformando dois, eu e você, em um, num grito de puro prazer!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Fluminense: do CTI para o jazigo

No Defensores del Chaco, os guerreiros não apareceram (eles existiram um dia?!). Em campo, representando o time carioca, onze pernas de pau, até então, convictos de que o Deus do Milagre é torcedor fervoroso do time das Laranjeiras!

Desta vez, o milagre não veio. As fantasias foram retiradas e os heróis expostos, nus, em pêlo, no gramado.

Era a hora de mostrar o futebol, a garra, a competitividade, a dedicação, o vestir a camisa, o preparo físico, o controle emocional, o profissionalismo. Mas tudo isso ficou na fantasia de muitos de nós torcedores que de uma fagulha criamos os heróis, os heróis do acaso.

Em campo, ao lado da trave do Berna, a figura vestida de manta negra com capuz portando uma foice utilizada para decepar a ilusão dos tricolores em chegar à final da Libertadores.

Desliguei os aparelhos, preparei os corpos e os encaminhei ao necrotério.

Solicitei as lápides: Aqui jaz um guerreiro do acaso.

Joguei minha pá de cal !!!

domingo, 1 de maio de 2011

Carmim

Muitas vezes nossos caminhos são ermos, vazios, sem qualquer beleza a encantar; outras vezes, do acaso, passamos para o caso, a felicidade extrema, que estremece, entorpece e nos dá um nocaute de puro prazer. Quem me dera encontrar por sombrios caminhos o amor que faz tremer a carne e inflama o coração... que quase sai pela boca retocada com carmim!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Fluminense no CTI

Infelizmente, apesar de o Fluminense ter vencido o Libertad por 3 a 1, não me senti nem um pouco confortável. Minha inquietação, principalmente no segundo tempo, foi aumentando, aumentando, até que aflorou o TERÇO, que dedico inteiramente ao time.

Sinto-me também em um leito de UTI, como o tricolor, já que minhas esperanças estão se esvaindo e as forças – talvez as mesmas que deixaram sem luz o Engenhão – indo embora. Só mesmo um milagre e dos bons!


- Onde eles estavam ontem, principalmente no segundo tempo?

De qualquer forma aproveito para citar um provável culpado para a pífia partida do Flu ontem: nada mais, nada menos que o Botafogo. Sim, ele mesmo, pois ao invés de iluminar, ele retirou toda a luz dos nossos guerreiros. Mas considero que o querido Botafogo já sofreu demais e não merece tamanha culpa, não é mesmo?!


O Terço

Um traço
Faço entre pontas
Tortas
Recorto a borda
Passo um antisséptico
Cuido diariamente
Acompanho a evolução
Do traço
Que une as pontas
Do fio mais longo
Quase invisível
Vigio o leito
Chega o amanhecer
É hora de trocar o curativo
O médico está a caminho
O carrinho de parada está revisado.
Surge o inesperado
O curativo sangra
As pontas se afastam
Providencio um catgut
O porta agulha à mão
Busco um acesso venoso
A bolsa de sangue é pedida.
Um traço
Um apito
O terço sobre a cabeceira
A espera é longa
Imprevisível!

Obs.: Catgut – é um tipo de fio natural obtido de animais mamíferos como o carneiro (intestino). São ideais para sutura interna, pois são reabsorvidos pelo organismo quando a cicatrização já está completa.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O último minuto!

Agora é a hora
A faxina não pode ser postergada
Avance e limpe
Retire todos os entraves
Os cacos
O sofrimento
O ardor
Deixe a dor
Sinta a flor
Retire seu espinho
Sinta o seu perfume
Se entorpeça com ele
Caia...
Levante-se
Vá ao encontro
Desvende o seu pudor
Descortine o sol
Deixe-se queimar
Sinta o seu calor
Que a lua logo chegará
Para acalentar e mostrar
Que tudo vale à pena
Se estamos vivos
Sorvendo cada minuto
Como se fosse o último!

terça-feira, 26 de abril de 2011

O poeta e o (seu) mundo

O poeta é do mundo e para o mundo. Ele inspira, enriquece, dá alento, calmaria, faz do amor seu reduto, das mágoas um livro, das lágrimas um rio que oferece a água mais potável, límpida, cristalina servida em taça de cristal a todos que saboreiam da sua poesia. Eles, na maioria da vezes, não sabem que o poeta sofre da dor mais atroz, mas sua poesia transcende, capaz de dar prazer a tantos e nem tanto ao seu criador - que pode saborear a felicidade de poder acalentar muitos corações frios. Sua poesia é do mundo e para o mundo e nunca sua. A dor é do poeta e de mais ninguém!

Coração Ferido

O nome está aceso
Pisca incessantemente
A cada minuto
A cada piscadela
O nome reluz
A cada instante
Como um letreiro luminoso à beira da estrada
Surge das trevas
Dos contidos e claros sonhos
Da vala
Cheia de minhocas
Que corroem a alma
Sem um minuto de trégua
É curtido a ferro e fogo
Segundo a segundo
O sofrimento que não se quer apagar
Acesso e reluzente
Vivo ou morto sempre estará
No coração ferido
Sempre a desejar.

Vale do Sol

O vento chega rapidamente
As nuvens correm desembestadas
E avançam em nossa direção
Transformam a linda tarde
Em um sombrio escurecer

No ar, sinais de perigo
A mangueira balança seus galhos
Para lá, para cá
O carro quietinho, encolhido lá ficou

Da varanda olhares espantados
Maravilhados com tamanho poderio
Somos pequeninas
Enquanto, ela, se agiganta em segundos

A velocidade é sentida com o vento
Com a chuva sem direção
No ar pulverizado.
A visão causa medo
E muita admiração!

Ficamos embevecidas
Fitando tudo na maior tensão.
A visão é inesquecível
Dos gritos da menina Viky
"Tô com medo... mamã!"
Agarrada no colo mais protetor
Enquanto Lis,
Corria de um lado para outro
E mais feliz ficou!

Alguns minutos foram suficientes
Para transformar uma paisagem singular:
Brinquedos foram parar no meio do mato
Os coqueiros soltaram suas folhas
A pitangueira não resistiu e tombou
As cadeiras D. João levadas pelo vento
Foram servir a sua majestade
Lá no gramado do Vale do Sol!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

O choro de uma Flor

“Florminense...”
Lis é bela!
Sensível, inteligente
Espirituosa, carismática
Carinhosa, alegre
É uma menina feliz!

Torcedora do Fluminense
Tricolor de coração
Sentada em meu colo
Torceu por nosso time
Na cobrança dos pênaltis
Sofreu com cada chute

E como criança, chorou!
Chorou por seu time
Que perdeu a partida
Mas, não o coração!

terça-feira, 19 de abril de 2011

O Bom e o Mau exemplo

Giovanni e Damião
Sem qualquer antecipação
Deram as mãos na Corrida da Ponte
E cruzaram juntos a faixa de chegada.
A dupla Pé de Vento
Fez bonito na linda manhã de sol!

O Ronaldinho,
Ao perder o gol “roubado”
De pirraça
Só faltou se jogar no chão
Batendo as perninhas e o braçinhos
E chamando sua mãezinha (que agora se chama Patrícia!)
Além de “feio”, fez muito feio em não retribuir o aperto de mão!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O saco (nagem) da rolha!!

O vinho era português
A rolha teimosa
O saca rolha de aço, ao invés
Era chinês
O que se viu,
Foi só insensatez!
Quatro mulheres
Em um só esforço
A puxar,
Rodar, girar e
Espremer entre as coxas
Mesmo assim todo o esforço foi em vão,
Pois a rolha, teimosa,
Da boca não saiu
As mulheres empenhadas
Com o ferro em mãos e
Técnica apurada
Romperam a rolha
Que mesmo teimosa
Foi afogada
No líquido saboroso
Que de gole em gole
Provocou um êxtase coletivo
E a rolha, teimosa,
No fundo da garrafa... sucumbiu!!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O Rego do Ronaldinho

O Rego levou Ronaldinho à ABL
Que não curte livro,
Mas adora pandeiro

Foi presenteado com o livro
"O Flamengo é puro amor"
Que achou que fosse uma bola
E então, chutou!

Fez um Gol de Letra
Na ignorância e nos marqueteiros
E o Machado, coitado,
Quase ressuscitou!

domingo, 3 de abril de 2011

Eu e você - um berço esplêndido!

Quantas saudades do tempo em que caminhávamos de mãos dadas pelo calçadão, onde um contava integralmente com o outro e depois de tanto andar.. restava a constatação de que um sempre poderia contar com o outro.

Nunca houve, em anos de convivência pacífica, uma palavra mais dura, um sinal de briga ou desagrado, apenas o amor entre o homem e a mulher deixou de existir, mas a amizade, o carinho, o respeito, a solidariedade, jamais nos abandonou... pessoas que se amam, da forma mais genuína, de entrega absoluta.

Hoje, somos entendedores, eu de você e você de mim, da forma mais plena, sublime.

Te amo e sinto o seu amor!!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Mãos entrelaçadas

As mãos que abraçam
As mãos que seguram
As mãos que amassam
As mãos que esmagam

As mãos que regem
As mãos que acariciam
As mãos que trazem o dedo em riste
As mãos que oprimem

As mãos que afagam
As mãos que entrelaçam
As mãos que:
Amassam,
Esmagam,
Sufocam,
Que apertam o pescoço
Que fazem um nó na garganta
Seco, duro
Jamais desfeito
Um nó na garganta.

Uma mão, um carinho, um afago
É tudo o que ser quer!

Mas o nó não se desfaz sozinho
Está lá... na garganta
Seco, duro
Pesado
Que arrasta, a cada dia,
O pensamento para um saudosismo amargo
Um nó jamais desfeito.

Lá está ele, o nó na garganta
Liberando diariamente sua dose de amargura
E o tempo, passa...
Passa entre os dedos das mãos
Aquelas mãos que acariciam, mas que também sufocam
Que apertam e impedem a liberdade
De respirar e sentir a vida em suas mãos
Desfaça o nó
Use suas mãos
E respire o novo
Sinta a vida
E seja feliz!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Um Encontro

Despretensioso
Um encontro
Dois em busca de...
Despretensioso
Um jantar
De carne
De olhar
De buscar
De tentar
Adentrar
No carro, bastou uma palavra
E uma meia volta
Para tudo mudar
O que poderia terminar com um boa noite
Muda como o luar
Chega despretensioso
Produz arrepios
Arranha a carne
Arranca suspiros
O coração pulsa
O carro estaciona
Sob os olhares do ciclista
Gira a chave e sai...
Na garagem uma pegada
Dois pulsantes
Um jato
Um grito
E uma noite
"A noite é uma criança"
Para os amantes
Despretensiosos
Uma emoção
Contagiante
Que arrepia...
Só de pensar!
Até o próximo
É só ligar a chave
E estaremos lá...
Despretensiosos
Comer com os olhos
O prato da vida
Que contagia
E que nos deixa extasiados
Que delícia!!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Desilusão

As desilusões são tantas
Tonteiam meus pensamentos
Ferem minha alma
E me fazem chorar

As desilusões são tantas
Emagrecem meu frágil corpo
Pincelam a dor
Entristece meu mundo

As desilusões são tantas
Agridem meu olhar
Abrem feridas incuráveis
Jogam uma pá de cal

As desilusões são tantas
Que ao longe o coração bombeia em desequilíbrio
As asas perdem as forças
E a ave tomba
Em meio a tantas estrelas frias.

terça-feira, 22 de março de 2011

Luz

Quando as luzes se apagam
Só assim eu me vejo
Só assim eu me entendo

Quando as luzes se apagam
O mundo fica pequeno
As pessoas desaparecem

Quando as luzes se apagam
Tudo se torna em mim
Cresço e me ilumino

Quando as luzes se apagam
Só assim eu me entendo
Só assim eu me vejo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Passarela 7 - olha ela de novo !

Olha a passarela 7 aí, gente!!

Bem, ela até que avisou no mês passado quando deixou cair parte do seu reboco sobre um carro, sob os olhares de nossos administradores municipais. Felizmente, não houve perda humana, apenas material para o proprietário do veículo, além do enorme susto.

Após o "acidente anunciado" uma perícia da Secretaria Municipal de Obras decidiu pela demolição da mesma, mas devido ao processo burocrático de uma licitação, a demolição ficou em aberto... Sabe-se Deus até quando.

Como ela, a passarela, não tinha sangue de barata, não estava brincando e cansada de esperar por seu pouso eterno em um Lixão Extraordinário, por não mais suportar essa vida de carregar o peso de tanta gente que, diariamente, circula por seu esqueleto tão doente e querendo, a todo custo, que dessem cabo à sua vida, o mais rápido possível, resolveu emanar uma energia destrutiva. Talvez tenha sido essa energia que provocou o defeito na barra de direção do coletivo da empresa Caravele, conforme dito pelo motorista a uma enfermeira no hospital em que está internado, já que sabemos que todos os ônibus que circulam diariamente por nossas ruas, avenidas e estradas estão em perfeito estado de conservação e manutenção.

Os supersticiosos de plantão poderão fazer uma conexão e apontar que a Passarela 7 estava em seu ponto limite: para ela a morte já estava anunciada, então, por que não deixar sua marca 7 registrada de uma forma mais pontual?!

Nesse caso, como se diz por aí, "SE" ela já tivesse sido demolida, o coletivo não a teria alvejado na madrugada do último domingo. As consequências desse acidente poderiam ter sido outras, quem sabe, mais amenas, já que dos feridos apenas o motorista do ônibus, José Maria, está em estado grave, onde além da fratura do fêmur de uma perna, teve a outra amputada e ainda sofreu um infarto no local do acidente, também não era para menos! E, ela, a passarela, não deixaria tantos transeuntes órfãos até a construção da nova.

Sugiro que a passarela substituta, pois a atual foi demolida ontem, não seja identificada pelo número 7: vai que seja uma maldição do número 7 ?!

Acho que o nosso Cristo (de braços abertos) ainda está em estado de torpor.

Que Deus nos acuda!!

Obs.: faço referência às crônicas Passarela do samba X Passarela 7, postada no dia 08/02/2011 e Um Rio que se esvai..., postada no dia 07/02/2011.

sábado, 12 de março de 2011

"As rosas não falam..., mas exalam o seu perfume..."

A bola gira
A tsunami chega
Carrega tudo o que encontra à sua frente.
Cartola,
O sorriso sempre presente
Com seus versos,
Belos.
Que nos trazem o amor, da forma mais genuína
Um acalanto em um dia devastado pelas ondas do mar revolto
Que nos deixam reflexivos quanto às agruras do meio ambiente...
"As rosas não falam, simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti".
Quero sentir seu perfume!

terça-feira, 8 de março de 2011

Basta um dia !

São tantas as vontades
De carinho
De afago
De chamego

Em pleno carnaval
No sambódromo carioca, paulistano
Não importa onde
Nas ruas de qualquer lugar

De lugar nenhum
Basta o pensamento
Um click
O prazer à flor da pele

Está sentido
Está dito
Basta um coração
Alegre ou triste

Uma vontade
Para se ganhar o dia
O dia para se fechar no quarto
E ter o que é seu.

Tiro certeiro !

Uma palavra
Veio como tiro certeiro
Deflagrou o mutismo
Deixou no ar a frase

Tudo veio à tona
Menos a palavra
Afogada em mil gotículas
Revisitada no alcoolismo

A palavra morta
O som abafado
O olhar sem esperança
Corpos enterrados.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Limão, meu limoeiro !

Do limão retiro a vitamina C
O espinho deixo no galho
O amor me deixou em frangalhos
Que bom que tenho um litro de mel

Quanta saudade dos tempos
Que podia colher o limão lá no pomar
Agora ele me é servido guela abaixo
Sinto o seu azedume

Que arranha minhas entranhas
Que deixa marcas sufocantes
E uma solidão que mesmo uma colher de mel, do mais puro
Não é capaz de curar.

Tatiana e seu emaranhado!

Tatiana é uma moça muito bonita. Morena, 23 anos, 64 Kg, 1,70 m de altura - um verdadeiro avião. Tem os cabelos lisos, pretos e super bem cuidados. Sua pele é limpa, sem sinais de acne tão comum nos jovens, olhos esverdeados. Muito vaidosa. Passa horas cuidando dos cabelos, unhas que mantem sempre cutiladas e pintadas. Gosta de se vestir como uma princesa. Seus pais, na medida do possível, procuram presenteá-la com roupas, adereços, bolsas e sapatos da moda.

Ela mora com os pais e dois irmãos em Caxias, na baixada fluminense. Terminou o ensino médio, mas não conseguiu passar no vestibular para educação física. Seus pais não puderam pagar uma faculdade particular. Diante desse cenário se inscreveu em um curso de secretariado e logo após o seu término foi chamada para uma entrevista para o cargo de recepcionista de um hotel na zona sul do Rio de Janeiro.

Foi entrevistada por um senhor, muito distinto, de mais ou menos 50 anos. Já saiu da entrevista tendo a confirmação de que a vaga era sua e que deveria iniciar no dia seguinte. Ela percebeu que sua beleza foi fundamental na confirmação da colocação. O entrevistador a elogiou várias vezes, em especial os seus cabelos, que estavam como sempre bem escovados, lisos e com um brilho que irradiava à distância. No final da entrevista soube que o senhor Osvaldo, o entrevistador, seria o seu chefe imediato.
Ela ficou contente em saber, pois ele pareceu ser muito educado, elegante, muito profissional. Saiu da entrevista em êxtase, não só porque conseguiu um emprego, mas pelos elogios recebidos.

Para voltar para casa, pegou um ônibus da zona sul para a Central do Brasil e de lá, um outro para Caxias. Sentou-se em sua cadeira e olhando pela a janela... começou a fazer planos com o salário que iria receber: primeiramente, compraria alguns itens para substituir os que ainda faltavam em seu guarda roupa, depois um presente para os pais e irmãos - pensou em uma televisão nova para assistirem com maior nitidez a próxima edição do big brother. Quanto ao retorno aos estudos... pensaria depois, sabe como é, precisava descansar, afinal foram anos e anos de estudo.

Como a tarde estava muito quente, todos os passageiros do coletivo viajavam com as janelas abertas para o ar circular e assim, amenizar o calor. Ela viu que o termômetro lá na Central marcava nada mais, nada menos que 39 graus. Um verdadeiro inferno!

Durante todo o trajeto pensava no que iria vestir no seu primeiro dia de trabalho. Uma coisa estava certa: tinha que arrasar no visual! Pensava também no que iria fazer com o seu salário.

À sua frente, na cadeira do ônibus, estava um casal. A mulher sentada próxima à janela e o homem ao lado da mulher, próximo ao corredor. O banco ao lado de Tatiana permaneceu vazio durante todo o trajeto. Em determinado momento da viagem ela percebeu que o rapaz tirou algo da boca e jogou pela janela. Enquanto isso, Tatiana permanecia em seus devaneios.

Ao chegar ao centro de Caxias, no ponto final do ônibus, desceu e passou a perceber que muitas pessoas olhavam para ela, o que não era incomum. Ela era uma morena de parar o trânsito, como se diz por aí!!

Andou três quarteirões até chegar em casa. Entrou e foi até a cozinha contar a novidade para sua mãe, que se manteve estática, enquanto ela falava sobre o acontecido. De repente, Tatiana percebeu que algo estava errado e perguntou:

- Mãe, o que está acontecendo?
- Por que está me olhando desse jeito?

A mãe, depois de engolir seco, disse:

- O que aconteceu com seu cabelo, minha filha?

Ela, sem entender nada disse:

- Nada mãe. Não fiz nada. Ele está como sai de casa hoje pela manhã. Acho até que consegui a vaga de emprego por causa dele. O seu Osvaldo, meu chefe, elogiou muito os meus cabelos!

Então, a mãe disse:

- Vamos ao banheiro para que possa ver o que aconteceu com os seus cabelos.

Ao chegar em frente do espelho, Tatiana desmaiou. Sua mãe a segurou e gritou pedindo ajuda ao outro filho.

Levaram Tatiana para o quarto e colocaram amônia para ela cheirar. Tatiana acordou e começou a chorar copiosamente. Sua mãe e irmão tentavam consolá-la.

Infelizmente, Tatiana precisou cortar a sua cabeleira. Tentaram várias medidas para evitar tal radicalismo, todas em vão!

Tatiana ficou calada, triste, desde então. Não saía do seu quarto. Não retornou no dia seguinte para o primeiro dia de trabalho no hotel.

Seus planos foram emaranhados em seus cabelos e definitivamente jogados no lixo, juntamente, com o chiclete que foi atirado pelo rapaz ... lá no coletivo, mas que saiu pela janela da frente e voltou para ônibus, pela janela em que estava Tatiana, formando um emaranhado sem tamanho em seus cabelos e em seus sonhos, que por ora, enquanto não crescessem, ficariam depositados em um Lixo Extraordinário dessa nossa cidade.

quinta-feira, 3 de março de 2011

No hospício!!!

Às 7:00 horas, Marina e Sueli, enfermeiras, receberam o plantão em uma enfermaria feminina de um hospital psiquiátrico. Depois de resolverem toda a parte burocrática - conferência de pacientes, material, leitura do livro de ocorrências, verificação das prescrições e orientações referentes a cada cliente - começaram a encaminhar as pacientes que iam acordando ao refeitório para o café da manhã, administração de medicação e, posteriormente, ao banheiro para a higienização matinal, auxiliando aquelas que necessitavam de ajuda para se vestirem, se pentearem etc

A maioria das pacientes já eram conhecidas, pois vinham de internações longas, como a Rita que se mantinha sempre distante das outras clientes, porém enquanto estivesse acordada estava sempre ao lado das profissionais de enfermagem.

Esse não era um problema. A questão é que ela não parava de falar, quer dizer, de insistir com a mesma pergunta, até que a respondessem, quando formulava uma nova frase correlacionada a anterior.

Mais tarde, enquanto Marina auxiliava o banho de uma das pacientes, Sueli preparava a medicação das 14 horas. A paciente Rita permanecia de prontidão na porta do posto de enfermagem fazendo suas perguntas, sempre de forma insistente e usando uma verbalização ritmada, cadenciada. Rita perguntava:

- Esse hospital tem ambulânnnciaaaa?
- Esse hospital tem ambulânnnciaaaa?
- Esse hospital tem ambulânnnciaaaa?
- Esse hospital tem ambulânnnciaaaa?
- Esse hospital tem ambulânnnciaaaa?
- Esse hospital tem ambulânnnciaaaa?

A enfermeira Sueli resolveu responder:

- Tem Rita. Esse hospital tem ambulância!

Rita, como era de se esperar, passou para outra pergunta:

- A ambulânnncia faz baruuuulhooooo?
- A ambulânnnncia faz baruuuulhooooo?
- A ambulânnnncia faz baruuuulhooooo?
- A ambulânnnncia faz baruuuulhooooo?
- A ambulânnnncia faz baruuuulhooooo?
- A ambulânnnncia faz baruuuulhooooo?

Mais uma vez, a enfermeira Sueli respondeu:

- Que barulho você quer que a ambulância faça, Rita?

Ela respondeu:

- Ioonn, ioonn, ioonn, ioonn, ioonn...

Nesse momento, entra no posto de enfermagem a enfermeira Marina e diz o seguinte:

- Rita, a ambulância do nosso hospital não faz ion, ion, ion.
- A ambulância do nosso hospital faz piru, piru, piru...

E a Rita retrucou:

- Essa não seeerrrve. Ela é taradaaaa!!!

terça-feira, 1 de março de 2011

O barato da barata

Um casal de amigos combinou de ir ao teatro. Uma comédia onde a temática é a relação entre um homem e uma mulher em que os podres da relação começam a ser expostos - o que era para ser para sempre... está com os seus dias contados.

Bem, voltando ao casal de amigos: tudo combinado. Ela passaria em frente ao prédio dele para pegá-lo e iriam no carro dela para o teatro.

Para agradecer ao convite ela resolveu presenteá-lo com um bolo que ela mesma fez e meia dúzia de tangerinas vindas diretamente do sítio de seus pais, sabendo de antemão que ele gosta tanto da fruta quanto do bolo. Coloca-os em uma bolsa de uma grife famosa. Ao chegar à garagem coloca a bolsa no chão do seu carro, atrás do banco do motorista. Entra no carro. Liga o rádio. Está contente, pois há muito tempo não via esse amigo de quem ela gosta tanto.

Ao chegar em frente ao prédio, liga para ele que solicita que ela suba, pois ainda não está pronto. Ela estaciona o carro, pega a bolsa com o pequeno agrado e sobe. Ele abre a porta abotoando a camisa e, em seguida, vai até o corredor que dá acesso aos quartos e banheiro, abre a porta do armário e retira um par de sapatos. Ela aproveita e entrega a bolsa com o presente. Ele mostra-se muito contente, abre a bolsa e retira uma tangerina.

Nesse momento, a amiga vê uma barata na lateral externa da bolsa, exatamente sobre a inscrição da logomarca famosa. A barata desce, cai no chão e entra no quarto de seu amigo, antes que pudesse ser pisoteada. Foi tudo muito rápido.

Ele entra em desespero.

A barata entra embaixo da cama o que aumenta o descontrole do amigo que vai ao banheiro e volta com um frasco acionando-o em direção ao espaço entre a cama e o chão.

Ele começa a gritar:

- Na minha casa nunca entrou esse tipo de barata.
- Você trouxe esse inseto asqueroso para a minha casa.
- Você tem que matá-la!

Ela fica em uma situação muito desconfortável, em uma verdadeira saia justa, que era o que ela estava usando: saia justa preta, uma blusa branca com babado e lógico, uma sandália de salto bem alto.

Nesse momento ele já não grita, ele berra!

- Você tem que matar essa barata!
- Não conseguirei dormir se souber que ela pode estar viva aqui dentro da minha casa, em especial no meu quarto.

Enquanto isso, continuava a acionar o frasco do suposto inseticida.

Na tentativa de acalmá-lo, ela pediu para ele se retirar. Foi quando ela percebeu que ao invés de pegar o frasco de inseticida, seu amigo pegou o frasco de creme de barbear e lançou todo o conteúdo embaixo da cama, que ficou um verdadeiro tapete branco, parecia neve, uma neve escorregadia.

Constatando a troca, ele trouxe o inseticida e aplica em direção à cama.

Seu amigo estava transtornado!

Ela, então, pediu para que ele fosse para a sala.

O chão do quarto estava um horror: molhado, escorregadio, com um cheiro forte de inseticida. Ela, primeiramente, abriu a janela. Em seguida, retirou as sandálias, pulseiras, anéis, prendeu os cabelos. Puxou a cama e conseguiu visualizar a barata que estava visivelmente intoxicada, mas viva, atrás da cabeceira da cama.
Ela matou a barata com uma chinelada e com um lenço de papel retirou o inseto morto, jogou no vaso sanitário e acionou a descarga.

O amigo continuava na sala, andando de um lado para outro e perguntando se ela já tinha matado a famigerada barata, o que foi finalmente confirmado por ela. Seu pânico era tanto que ele não acreditou, levantando dúvida sobre a morte do inseto.

Ela pegou um pano de chão, rodo e começou a limpar toda a lama que se formou com o creme de barbear e o inseticida. Quanto mais ela limpava, mais espuma se formava. Depois da faxina inesperada, ela estava suada, descalça, o cabelo despenteado...

O amigo pegou a bolsa com o presente e jogou na lixeira do prédio.

O clima ficou tenso. Ela tentou se desculpar, dizendo que a barata não estava nem no bolo que foi embalado por ela minutos antes de sair de casa, nem nas tangerinas que ela pegou uma a uma para colocar na bolsa que estava guardada em seu armário. A conclusão que chegou é que a barata só poderia estar no carro e entrou na bolsa no trajeto da casa dela até a dele.

Diante de toda a situação ela sugeriu cancelar o teatro, mas ele, ainda transtornado, disse que não. Afirmou que não iria mais no carro dela e sim no dele. Ela, na tentativa de amenizar todo aquele desconforto, concordou.
Pediu uma toalha, tomou um banho e tentou se arrumar como antes de toda aquela confusão, mas o brilho da noite havia desaparecido.

Na garagem, ao sair com o carro, ele arranhou a lateral na pilastra, o que aumentou ainda mais a tensão.

Ela estava torcendo para a hora passar. Não conseguiu prestar atenção na peça. A noite ficou sem graça.

Finalmente, ao saírem do teatro, na calçada de uma rua famosa da Zona Sul carioca, no bairro de Ipanema, uma barata gigantesca veio em direção aos dois que saíram correndo e ele, como era de se esperar, ficou cego de raiva, esbravejando e completamente desnudo diante de um simples inseto repelente.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

"Massagiiii"

Assim mesmo, a criaturinha pede... encarna aquela carinha de carente e me olha, meio de lado, toda e mais um pouco. Não tenho dúvida. Imediatamente, inicio a "massagiii" que é docemente aceita e vai aos poucos, acalentando o espírito dela, o meu e a de todos que assistem a cena. Um espetáculo, espetáculo de pureza, de alegria, de muita vida recheada de inocência. Um presente sem igual.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Um homem, uma mulher e um cachorro

Tudo ia super bem com a família, até que o cachorro resolveu parar de comer.

A mulher começou a ficar preocupada e achou que, substituindo a ração, o problema se resolveria. Ledo engano. O tempo ia se passando e o cachorro lá, apático, sequer cheirava os vários de tipos de ração que ela diariamente trocava na tentativa de encontrar uma que o agradasse.

Então, diante da situação que se agravava dia após dia, ela antecipou em um mês as suas férias no trabalho.

Passava horas preparando a alimentação do seu animal, trocando a ração canina para os alimentos clássicos como o arroz integral, legumes, carne dos vários tipos. Preparava um bela refeição e colocava no prato. Esperava a reação do bichano e, nada – a inércia continuava. Como não surtiu efeito, resolveu passar os alimentos no liquidificador, coando-os e com uma seringa colocava na boca do animal. Alguma coisa ele aceitava, mas com muita resistência.

O marido começou a ficar preocupado com a esposa, pois ela começou a relaxar com sua própria alimentação, com seus cuidados pessoais e com isso, ficou visível seu emagrecimento e desleixo por sua aparência.

Ele, diariamente, ao chegar do trabalho, deparava-se com aquela cena. Cansado ia até a cozinha e preparava um lanche, até que resolveu experimentar a alimentação do cachorro. Gostou. Só precisou acrescentar um pouco de sal e mais nada. Assim se fartava, pois a comida era "boa pra cachorro"!!

Porém, sua preocupação a cada dia aumentava, pois via o sofrimento de sua esposa e também a do cachorro... os dois, desminlinguindo a cada dia.

Ela, diante da apatia reinante de seu caão, resolveu encontrar ajuda nos sites de busca da internet. Tomou conhecimento de um livro de receitas especializado em comida canina. Infelizmente, descobriu que o livro estava esgotado e aí, não pestanejou - partiu para o Centro da cidade e foi de sebo em sebo até que conseguiu um exemplar.

No mesmo dia, o marido, ao chegar em casa, encontrou a mulher na cozinha, de avental e sobre a mesa vários pratos preparados, dignos daquelas fotos dos livros de receita famosos que nos deixam com água na boca. Seus olhos vibraram. Só que ele não contava que aconteceria o mesmo com o animal. Dessa vez, ele, o marido, não teve vez. O cachorro é que se fartou!

Desse dia em diante, ficou visível a melhora do cão. A mulher, ainda de férias, dedicava todo o seu tempo aos cuidados com o cachorro que não saía do seu colo.

O período de férias da esposa acabou e ela teve que retornar ao trabalho. Todavia, as férias do marido começavam, pois os dois, marido e mulher, iriam tirar férias no mesmo período, porém com o problema do cão, todo o planejamento foi alterado.

O marido não teve outra opção, a não ser a de ficar em casa. De quebra ficou encarregado de levar o cachorro duas vezes ao dia para passear e colocar a bela refeição que a esposa deixava antecipadamente preparada para o cão que avidamente a consumia, sob os olhares do marido.

Vida de cachorro pode não ser mole não, mas de marido, pode ser bem pior!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Fantasias de uma noite de luar...

O carro sai
A mão desliza
O carro procura
A mão encontra

O tesão a desenhar
O carro a estacionar
Tudo começa a se revelar
As mãos passeiam pelas fantasias, desejos

Tudo se mostra
Mesmo no escurinho da rua
A tensão existe
O tesão explode!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Passarela do samba x Passarela 7

Ontem foi a passarela do samba que sofreu com as labaredas. Entre os escombros e rescaldos estão os sonhos de muitos cariocas que se dedicam o ano inteiro na construção de um imaginário que pode levá-los a serem campeões do carnaval carioca. Ainda não sabemos a causa, mas fica a indignação e a vontade de dar a volta por cima. Não importa de que maneira for, pois o carioca no dia da festa é capaz de colocar o bloco na rua e espantar de vez a tristeza.

Quanto à passarela 7, na Avenida Brasil, principal via que corta a cidade, deixou cair parte de seu reboco sobre um carro, não alegórico, mas um carro real. Ficou clara a negligência do poder público de manter em constante manutenção as vias públicas de nossa cidade e estado.

Até quando vamos ficar à mercê da própria sorte?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Um Rio que se esvai...

Um Grande Rio que se esvai pelas labaredas que lambem e sugam os sonhos de um povo que ultimamente anda entre o fogo, a água e as armas.

Tantos acontecimentos que deixam o carioca boquiaberto, tamanha a magnitude dos fatos. Tantas armas recolhidas, drogas produzidas e escondidas nas paredes das casas dos homens de vida comum - obrigados, anos a fio, a manterem a boca fechada, a conviverem com o crime e a falta da presença do Estado em um território até então, destituído, obrigados a verem seus filhos crescerem num ambiente hostil, onde poucos resistiram as benesses da criminalidade, do ócio e das drogas.

Um povo que assistiu pela tv um exército se espalhando, correndo em desvario, no topo do morro, onde muitos de seus soldados escaparam pelo esgoto, como ratos, como figuras medonhas que eram e são, e, que estão hoje, sabe-se Deus onde (outras terras, outros mares, outros esgotos, outras comunidades - quem sabe !?).

E a cidade, ainda assustada, mal começava a dormir após dias e dias de inacreditável constatação, é tomada, mais uma vez, por uma enxurrada, que varreu bairros inteiros, sem dó ou piedade, que não escolheu a classe social, pois estavam lá, entre os escombros, corpos brancos, pretos, mal vestidos, bem vestidos, sarados, nutridos, anêmicos, crianças, jovens, velhos, adultos, animais e além, de tudo, muitos sonhos, muitas histórias enterradas, outras cortadas para sempre, sem qualquer chance de reconstituição. Um momento de muita dor e reflexão.

Hoje, acorda o povo carioca, sentindo cheiro de fumaça, e assiste as labaredas varrerem os sonhos e trabalho de um ano de muitas pessoas que prometem e objetivam transmitir a alegria, não só para o carioca, mas para o mundo...

A fumaça avança e se espalha pelo céu azul desse Rio, que tem o Cristo de braços abertos abençoando a todos nós. Acho que ultimamente Ele anda cansado, ou pode ser por causa do calor, que está tão intenso que anda cozinhando os miolos do carioca e os dele também, pois, lá, estático, sem um chapéu, ou qualquer proteção, está totalmente exposto à desidratação e por conseguinte, vulnerável a deixar, a nós, cariocas, a ver navios.

Enquanto o fogo destruia as fantasias de uma noite de verão, a fumaça era vista a quilômetros de distância, deixando nosso Cristo entorpecido e nós, cariocas, mais uma vez, boquiabertos.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Lapidando a solidão!

A solidão persiste mesmo quando cercada por uma multidão.

É minha, absolutamente minha.

Preciso entendê-la e usufruir de alguns de seus aspectos, como ficar em casa fazendo algo de útil ou mesmo quando estiver deitada no sofá olhando para o teto, que não deixa de ser útil, já que acaba sendo um momento de reflexão, de buscas de respostas, de metas ou o que quer que seja...

Ela é minha, somente minha.

Preciso lapidá-la, deixá-la com uma cara suportável, quer dizer, sadia, pois ela é sadia, diferentemente, do que ouvimos e presenciamos durante grande parte de nossa vida, mas que até então, não nos dizia nada.

Por isso, preciso de um tempo, tempo para encontrar a resposta e me harmonizar definitivamente com ela, a solidão.

Lapidar a solidão expõe um caminho tênue que avança para a descoberta de novos horizontes.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

"Que seja eterno enquanto dure!"

Parei
Parei com tudo
Parei no sinal de trânsito
Parei na fila no banco

Parei
De buscar o amor
Que não me dá importância
Parei

Parei
Parei de sentir
No peito
As palpitações insanas

Parei
De dizer para o meu bem
Que o amor precisa de afago
Parei

Parei
De pedir socorro
Não quero mais ouvir o silêncio
Parei

Parei
Enterrei esse amor em um jardim florido
E fui à praia...
- Traga, Iemanjá, outro amor!

"Que seja eterno enquanto dure!"

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Para deitar e rolar...

De mansinho vai se deitando
Sobre a cama aconchegante
Espalha-se lentamente
Sobre o lençol prateado
Espreguiça, rola de um lado ao outro
Com tamanha delicadeza
Que é difícil não olhar.
Aos poucos toma conta do leito
Que diariamente acaricia, alimenta
E nos deixa fascinados
Ávidos por um novo espetáculo.
Que venha o sol!

Vida x Poesia

A vida é uma eterna poesia!
E para captá-la é preciso um pouco de sensibilidade para perceber o sabor poético e desvendar, descortinar, pintar, imaginar, tudo e mais um pouco, desse mistério, que na verdade não existe. A vida é poesia! Poesia é vida!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Venha?!

Venha?!
Beijar minha pele,
Deixar sua marca registrada em meio às minhas coxas.

Venha?!
Dizer com o olhar,
Explicar o inexplicável,
Encontrar o sentido, mesmo que sem sentido.

Venha?!
Se infiltrar em meus poros,
Fazer parte do meu corpo,
Alimentá-lo.

Venha?!
Se lambuzar.

Venha?!
Me encharcar.

Venha?!
Fazer minha carne tremer.

Venha?!
Gemer, gritar

Venha?!

Tão distante, tão próximo!

Hoje estou exposta,
Sem medo...
Para pensar no passado,
Sentindo-o tão próximo e ao mesmo tempo tão distante.
É tão estranho?!
Ouvir uma música e,
Ser lançado em uma atmosfera gigantesca,
Arrebatadora,
Como se uma onda gigantesca nos engolisse e,
Como em um passe de mágica nos devolvesse à terra:
Marcados, escoriados, cheios de areia, totalmente à mostra...
Porém, vivos, mesmo que entorpecidos.
É o passado,
Tão distante,
Tão próximo!

Agora, exposta.

É preciso, eu preciso!

"Navegar é preciso"
Revolucionar os pensamentos,
Despertar os neurônios.

"Navegar é preciso"
Em todas as direções,
Acordar da inércia,
Descortinar os preconceitos,
Livrar-se das culpas, dos medos.
Libertar-se.

"Navegar é preciso"
Deixar o sol entrar,
Pisar na areia,
Ativar os sentidos,
Perceber os sentidos,
Apreciar a lua,
Banhar-se com sua luminosidade.
Acariciar a flor e outras coisas também...
Sentir prazer.

"Navegar é preciso"
Bombardear, incendiar as ideias,
Criar com as cores, sem cores,
Saborear a criação,
Renovar o velho,
Tirar a fantasia, se desnudar,
Abandonar os vícios.

"Navegar é preciso"
Refletir o seu mundo,
Aproveitar os momentos,
Tomar o rumo de sua existência,
Prendê-lo em suas mãos...
Que é sua responsabilidade.
"Navegar é preciso"
Sempre!!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Devastação

Uma devastação
Sem trégua
Sem piedade.

Deixou à mostra
A carne
Branca, preta.

Deixou à mostra
O materialismo
Rico, pobre.

Deixou à mostra
A insanidade
Destroços, corpos soterrados.

Deixou à mostra
A língua
Da incompetência, do desrespeito desenfreado.

Deixou à mostra
Corações afogados
Lágrimas, dor infinita.

Deixou à mostra
A doação
O amor ao próximo e também a iniquidade.

Deixou à mostra
A empatia
A constatação de que somos de carne, osso, com coração aberto, ainda que ferido, triste, muito triste!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Arrastão

Perdidos...
Ao vento
Sem forças
A alma vaga
O coração afogado

Tudo passa
Nada se fixa
O coração ainda pulsa
O mundo se cala
Tamanha a culpa

Depois tudo volta ao normal
O vento continua
A nuvem cinzenta
O coração drenado
Mas a alma vaga.

E agora?

O rosto tantas vezes visto na multidão...
Uma miragem?!
Por longos anos escondido
Entre faces,
Entre mares,
Entre os arbustos,
Entre as flores,
Nas asas dos pássaros,
Entre as nuvens...

Você tão perto,
Tão longe!
E eu sempre a procurá-lo
Entre os atalhos,
Entre os carros,
Entre os olhares,
Entre lágrimas,
Entre mares...
E agora?!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Suor de tristeza

Há momentos em que devemos deixar a "tristeza fluir", seguir seu rumo natural, passar minuciosamente por cada célula, sinapse, participar de cada ciclo de Krebs, de cada abertura e fechamento de válvula, seguir por cada artéria, arteríola, veia, capilar, visitar cada alvéolo, se aninhar, escoar, chegar à derme, à epiderme e em gotículas, sair, esvair, drenar, escorrer até os nossos olhos, fazendo-nos chorar copiosamente.

Devemos senti-la para que possamos saber que o oposto - a felicidade - deve ser curtida sempre, sempre, intensamente, ao máximo, sem neuras, sem comparações, sem mácula, sem miudezas, sem exigências, saboreando-a prazerosa e pacientemente até quando for possível e se possível.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Neuroléptico

Dilacera
Corta a alma enfraquecida
Em tiras
E atira aos figurões

Corta a cabeça
Segue o sangue
Que rola ralo abaixo
Que aos poucos seca, coagula

Entre paralelepípedos
Sob os olhares incrédulos
Sob os olhares desprezíveis
Sob os olhares vazios

Traga o neuroléptico
Saia de dentro
De dentro de minha mente que vaga
Pelas ruas, nua, sem rumo, sem descanso, sem nada...

Oca,
Vazia,
Insignificante,
Destituída.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Monstro

A mente que mente, mente. É isso.

O próprio homem mente, mas de repente permite aflorar o bicho do mato e mata o monstro, deixando à mostra a sua liberdade - única e pessoal, contida na mente, mesmo que até então inutilmente.

Quem entende?

Tragam a camisa de força, a forca e a poesia.

Lábios que se tocam...

Lábios que chamam
Perfume que embriaga
A decisão compartilhada
Escrita em passos largos, porém contidos.

Sonho
A encontrar
A desenhar
A desejar.

Tantos caminhos
Muitos passos
Muitas flores, espinhos
Aromas a desvendar e saborear juntos.

Início e fim...

Poesia!
Quando começa e quando termina?
Quem a sente?
Quem a determina?
Por onde ela passa?
Corações frios, corações quentes?
Mentes inquietas ou vazias?
Tudo pode ser ou não...
Quem vai saber?!

sábado, 1 de janeiro de 2011